Acordando inspirada, fiz meu café, beberiquei fumando meu primeiro cigarro do dia. Visualizando imagens de festas, diversão e amigos brincando, mandei uma mensagem, uma brincadeira que demonstrava minha vontade em vê-lo.
Lembrei que havia marcado com meu pai de irmos juntos para o trabalho, tomei meu banho, me arrumei e liguei pra ele. Atrasado, como sempre, ele desmarcou e desejou um bom dia.
Me arrumei, com esmero, e fui pegar o metrô. Sai dele e me dirigi a banca para comprar um pacote de balas (nada melhor para um espírito brincalhão)... Foi aí que ouvi o tiro atrás de mim, não tive tempo de me virar, pois as pessoas já corriam desesperadas em busca de abrigo. Estranha sensação aquela... Continuei com calma seguindo meu caminho, parei na banca, comprei minha bala e só aí saí com o dono pra ver o que havia acontecido. A mulher que saiu atrás de mim do metrô foi assaltada, o rapaz atirou. Não sei o que aconteceu com ela, era um aglomerado de gente em volta e eu... Eu só segui meu caminho, atravessando a praça, sentando no banco em frente ao trabalho e acendendo um último cigarro antes de entrar.
Estranho sentimento aquele de que, de repente, sem aviso, tudo podia ter acabado.
Não me senti mal, nem com medo, nem triste, só lembrei... Lembrei que me sentia bem, que disse aqueles que sentia saudades.... Estranha certeza aquela, estranha certeza de que tudo está ligado, de que querendo, ou não, a vida segue... A gente segue...
“O que importa não é o fim do caminho e sim o caminhar...”