29.1.06

Crua Vontade

Dia que amanhece como fogo adulterado
Principiado por raios de assustador ruído
Que novamente trás consigo esta invisível cangalha
Diário acessório desta mortal de vestes negras

Transitando por um mundo de escolhida crueza
Mostro-me como pretensa poeta
Descrevendo em apelos velados de ironias e deboches
Inspirações simbólicas de vida e amor

Elevando uma vela à altura do rosto, ao reflexo do espelho
Procuro novamente um olhar de simples candura
E transformo o escárnio em sorriso
Felicitando-me por perceber apenas rudeza

Cerro meus olhos para a vil alcova
Concentrando-me apenas na estúpida realidade
Refreando os tão antigos impulsos e instintos
Permitindo-me ser apenas uma puta solitária

Tristeza essa que assola este “cansado coração”
Que de tanto bater por um perdão de si mesmo
Bate agora na mão de um seguro senão
Tranqüilo por sentir apenas saudade

E sendo hoje, um não tarde momento como um “jamais”
Falo a ti, Destino: Agradecendo e rogando-te
Para que mantenhas afastado de minha vivência
Este maldito precipício chamado ardor

26.1.06

Passeio...

"Eu vou, eu vou... Pra fábrica agora eu vou..."

Concordo, não rima e, pra quem não conhece, é longe pra xuxu!
Pelo menos enfrentarei 1 hora de ônibus, mas a outra hora será de carro.

"Senhores passageiros, boa viagem!"

14.1.06

Resumo da história:

Espelho

Que cara de ontem, heim, minha amiga?

Marreta

As doações estão, temporariamente, suspensas. Voltamos a requisitar a ajuda dos amigos, cedendo um belo exemplar de marreta, picareta e afins, a partir das 8am de segunda feira e assim prosseguiremos por toda a duração do horário comercial. Obrigada.

Revolta

Pessoas que se dão ao direito de tudo e não permitem nada a ninguém.

Sacconi
mini dicionário da língua portuguesa

populismo s.m. (o) 1. política baseada na demagogia, em que se aliciam as classes sociais menos privilegiadas da população. 2. Política voltada para o povo. – populista adj. e s.cdd.
(eu fiquei com o número 1)

Espelho 2

Nossa, esse rímel é bom! Resistente e duradouro, heim?

11.1.06

Sabedoria populista

"Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"
Álguém, por obséquio, poderia me ceder uma marreta?

6.1.06

5 = 1

A resposta está na pergunta...
A similaridade não está no significado do que existe
e sim no vazio infinito daquilo que não é.

2.1.06

Um olhar para a alma

Mais um dia de domingo abafado e cinzento. Propício para o estimulo a preguiça, observo então pela janela, sem grande atenção, divagando por desejos comuns a um domingo: frio, chocolate quente, edredom e filme na TV. Até aparecer aquela moça de cabelo negro e mecha branca, com olhar triste e ombros curvados por um fardo que apenas ela conhece. Se aproxima e senta no banco com vista para o mar.

Os trovões marcam presença, o céu escurece e a tempestade desaba em questão de minutos. Mas ela permanece, não se escondeu ou fugiu, apenas abaixou mais a cabeça e deixou-se lavar. Naquele lugar, um simples banco, em frente a uma simples praia, ela lembrava de todas as suas tristezas e dores, dos que se foram ou se afastaram, da solidão que a cerca, do silêncio que a recebe todas as noites.

Em madrugadas de frio intenso, um frio da alma, desperta assustada com pesadelos inconfessáveis e intraduzíveis, corre como sempre à procura de colo, para no meio do corredor, pálida, perdida e lembra que seu colo está ali, ao lado da cama, em um caderno velho de criança, com uma caneta sem tampa. E assim ela volta, acende a luz para espantar todos os fantasmas escondidos por trás das cortinas, e escreve. Com fervor se expressa e se coloca, se perdoa e se destrói, se ama e se espezinha.

Ali, sozinha, sentada de cabeça baixa, ela segura nas mãos aquele único tesouro que lhe resta: ela mesma em monólogos de dor e amor. Quando a chuva cai, ela não o guarda e protege como esperava que fizesse, apenas olha, talvez lembrando como preferia que os monólogos fossem diálogos, de como seria saboroso ouvir “Você está errada” ou, ao menos, de como seria bom simplesmente recostar a cabeça em um ombro e voltar a dormir sem se atormentar por horas com imagens estúpidas.

E com esses desejos em mente ela observa o caderno se desfazer aos poucos e por entre os pingos de chuva, tristezas e dores ela percebe o primeiro raio que surgiu. Sente seu calor e seu alento, entende seu brilho como bom presságio, se levanta, mas agora de cabeça erguida e atenta. Percebe que naquele mar de silêncio e solidão existe uma presença que se fará notar e firma seu olhar no horizonte para percebê-la, um novo, colorido e alegre horizonte, com suas dores e brigas – afinal o que seriamos de todos nós sem uma boa discussão?

Pensam que a chuva cessou? Que a tempestade passou? Não, mas eu sim... Não me viu da sua janela voltando para casa?